terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

O que é você 2019???



Hoje o blog deixa de lado o calendário. Impossível não falar no quão difícil está 2019!

Quando eu estava no calçadão de Copacabana esperando os fogos da virada de ano, eu sabia que se iniciava um ano particularmente difícil. Primeiro por começá-lo sem emprego depois de muitos e muitos anos. Politicamente falando, então, aff!!!

No dia 25 de janeiro tivemos a tragédia, e que nunca lhe seja atribuída a condição de acidente, em Brumadinho. Isso pra não falar das chuvas corriqueiras de verão que em janeiro sempre causam estragos. A maneira como a Vale vem tratando a vida é desumano.

Mariana figura entre um dos maiores desastres ambientais da história da humanidade, mas ninguém foi preso. Pelo contrário, a empresa, que hoje diz se sensibilizar com as novas vítimas e está à sua inteira disposição para ajudar no que for preciso, não mede esforços pra conter as atuações do Ministério Público ou dos tribunais. Seu negócio é ganhar tempo. Tempo é dinheiro. E dinheiro, se comparado à vida, nada VALE.

Exceto aos executivos que nunca correm risco de ir em cana. Afinal “o governo federal não pretende se intrometer com a Vale, porque não se sabe como mercado vai reagir”, nas palavras do ministro Onix Lorenzoni.

O povo de Brumadinho tenta reagir. É difícil, é quase impossível resistir a tanta dor. O número de mortos já ultrapassa os 160 e os demais danos, materiais e psicológicos, que nunca se sabe se um dia se curarão.

Ainda na semana passada a tragédia de uma chuva torrencial naquela cidade em que passei o réveillon. Que aliás havia passado o último fim de semana de forma absolutamente revigorante. Lá se foram mais sete vidas na Cidade Maravilhosa...

Quando recobro o fôlego e deixo escapar um ufa!.. logo pela manhã, na sexta-feira, descubro que 10 crianças, atletas do Flamengo, haviam perdido a vida num incêndio. Gente, ERAM 10 CRIANÇAS!!! Que não foi um incêndio criminoso, óbvio, mas que está envolto num ar de negligência absoluta, não tenham dúvidas. Trinta e uma multas apontam que algo estava errado, aliás muito errado.

E ontem, na hora do almoço, mais uma tragédia. O jornalista Ricardo Boechat foi vítima fatal de um acidente com o helicóptero que vinha de Campinas para São Paulo, em que ele estava. Além dele, também faleceu o piloto Ronaldo Quattrucci.

Boechat é daqueles jornalistas que não se encontram em qualquer redação. Primava pela coerência e independência. Suas opiniões eram fundamentadas, nada de achismos, imposições ou palavras vazias. Jornalista sem lado. Nem esquerda, nem direita, nem centro, mas incomodadíssimo com a pouca, ou nenhuma, vergonha, salvo raríssimas exceções, de nossos políticos.

Aliás, não só os políticos. O episódio com o pastor Silas Malafaia lavou a alma, a minha com certeza. Ele externou, acredito, um desejo coletivo que temos de falar, mas não temos a oportunidade de cobrar quem se vale da fé alheia, como o referido pastor e outros mais.

Em seu último programa, Boechat havia tocado exatamente na ferida da impunidade. Essa mesma impunidade que permite que nossas tragédias se sucedam de forma incansáveis, avassaladoras e aterradoras. Pra nós, jornalistas, ouvir Boechat era sempre uma aula de bom jornalismo. Fará uma falta incrível.  

Tenho fé que alguém há de manter essa coragem e independência...



4 comentários:

  1. Sil, me dei conta de que é difícil comentar os seus textos, você se apropria das palavras com tanta destreza e autoridade, que não resta nada a dizer a não ser MARAVILHOSO! Em geral já gosto, mas esse de hoje me representa muito.

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    1. Lu, caiu um cisco aqui...rsrs.
      Muito obrigado pelo carinho!
      bjs

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