Hoje o blog deixa de lado o calendário. Impossível não falar no quão difícil está 2019!
Quando eu estava no calçadão de
Copacabana esperando os fogos da virada de ano, eu sabia que se iniciava um ano
particularmente difícil. Primeiro por começá-lo sem emprego depois de muitos e
muitos anos. Politicamente falando, então, aff!!!
No dia 25 de janeiro tivemos a
tragédia, e que nunca lhe seja atribuída a condição de acidente, em Brumadinho. Isso
pra não falar das chuvas corriqueiras de verão que em janeiro sempre causam
estragos. A maneira como a Vale vem tratando a vida é desumano.
Mariana figura entre um dos
maiores desastres ambientais da história da humanidade, mas ninguém foi preso. Pelo
contrário, a empresa, que hoje diz se sensibilizar com as novas vítimas e está
à sua inteira disposição para ajudar no que for preciso, não mede esforços pra conter
as atuações do Ministério Público ou dos tribunais. Seu negócio é ganhar tempo.
Tempo é dinheiro. E dinheiro, se comparado à vida, nada VALE.
Exceto aos executivos que nunca
correm risco de ir em cana. Afinal “o governo federal não pretende se
intrometer com a Vale, porque não se sabe como mercado vai reagir”, nas
palavras do ministro Onix Lorenzoni.
O povo de Brumadinho tenta
reagir. É difícil, é quase impossível resistir a tanta dor. O número de mortos
já ultrapassa os 160 e os demais danos, materiais e psicológicos, que nunca se
sabe se um dia se curarão.
Ainda na semana passada a
tragédia de uma chuva torrencial naquela cidade em que passei o réveillon. Que
aliás havia passado o último fim de semana de forma absolutamente revigorante.
Lá se foram mais sete vidas na Cidade Maravilhosa...
Quando recobro o fôlego e deixo
escapar um ufa!.. logo pela manhã, na sexta-feira, descubro que 10 crianças, atletas do
Flamengo, haviam perdido a vida num incêndio. Gente, ERAM 10 CRIANÇAS!!! Que
não foi um incêndio criminoso, óbvio, mas que está envolto num ar de negligência absoluta,
não tenham dúvidas. Trinta e uma multas apontam que algo estava errado, aliás
muito errado.
E ontem, na hora do almoço, mais
uma tragédia. O jornalista Ricardo Boechat foi vítima fatal de um acidente com o helicóptero
que vinha de Campinas para São Paulo, em que ele estava. Além dele, também
faleceu o piloto Ronaldo Quattrucci.
Boechat é daqueles jornalistas
que não se encontram em qualquer redação. Primava pela coerência e
independência. Suas opiniões eram fundamentadas, nada de achismos, imposições
ou palavras vazias. Jornalista sem lado. Nem esquerda, nem direita, nem centro,
mas incomodadíssimo com a pouca, ou nenhuma, vergonha, salvo raríssimas
exceções, de nossos políticos.
Aliás, não só os políticos. O
episódio com o pastor Silas Malafaia lavou a alma, a minha com certeza. Ele
externou, acredito, um desejo coletivo que temos de falar, mas não temos a oportunidade
de cobrar quem se vale da fé alheia, como o referido pastor e outros mais.
Em seu último programa, Boechat
havia tocado exatamente na ferida da impunidade. Essa mesma impunidade que
permite que nossas tragédias se sucedam de forma incansáveis, avassaladoras e aterradoras. Pra nós, jornalistas, ouvir
Boechat era sempre uma aula de bom jornalismo. Fará uma falta incrível.
Tenho fé que alguém há de manter
essa coragem e independência...
Sil, me dei conta de que é difícil comentar os seus textos, você se apropria das palavras com tanta destreza e autoridade, que não resta nada a dizer a não ser MARAVILHOSO! Em geral já gosto, mas esse de hoje me representa muito.
ResponderExcluirLu, caiu um cisco aqui...rsrs.
ExcluirMuito obrigado pelo carinho!
bjs
Sensacional!!
ResponderExcluirMuito obrigado...
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