E Viva o Rock de Brasília
Juscelino Kubitschek materializou o sonho de José Bonifácio, patriarca da independência, e criou a cidade de Brasília. Desenhada por Oscar Niemeyer e Lucio Costa a nova Capital Federal foi inaugurada em dia 21 de abril de 1960.
Quase alcançando a maioridade, aos 17 anos, Brasília começou
a desenvolver um movimento que a colocaria no cenário nacional, mas sob um
outro ponto de vista. Além dos prédios e avenidas bem planejados, o poder e a
repressão às manifestações de liberdade, uma turma esperta e antenada
disseminava uma nova vertente musical: o movimento Punk.
Alguns adolescentes estavam cansados da mesmice da cidade e
descobriram no novo gênero musical a válvula de escape para tanta rebeldia
contida. Este novo ritmo era extremamente visceral e era, basicamente, composto
por três acordes. Qualquer um poderia tocá-lo. Mais do que isso, o Punk era
sinônimo de atitude. Nada mais adequado para uma turma ávida por novidades.
A princípio, com exceção de alguns que já vislumbravam a
grande chance de suas vidas, o objetivo era passar o tempo. Ouvir música,
encher a cara e falar da vida. Assim, surgiu uma banda (Aborto Elétrico),
depois outra (Blitz 64, que virou Blitx). Várias outras vieram nessa esteira.
Instaurava-se na cidade uma nova cena musical e também
comportamental. Muitos ficaram horrorizados com o visual de roupas rasgadas,
coturnos, cabelos arrepiados, alfinetes, etc. Chegavam até a questionar Seus
colonizados. Se vocês são brasileiros por que ficam pichando e usando camisetas
com coisas em inglês. À época, os parâmetros de moda eram John Travolta e
Olivia Newton-John, a era da discoteca.
Mais do que ir contra os modelitos de Travolta, tinham a
rebeldia contida pela situação que passava o Brasil. Vivia-se a ditadura
militar com repressão e tudo. Antes até de afrontarem o sistema, havia a
rebeldia dentro de casa, uma vez que o Punk surgiu nas classes excluídas e ali todos
eram classe média alta. Em casa devia ser um escândalo ver o filho de um
diplomata, por exemplo, sair às ruas de roupas rasgadas e tudo o mais.
Curiosamente, nenhuma das pessoas que criaram a turma nasceu
em Brasília. Todos foram parar na Capital por conta das atividades
profissionais dos pais. O fato de a cidade ter sempre alguém chegando de algum
lugar do mundo foi fundamental para um melhor conhecimento de novas
bandas.
Foi assim que surgiu a Turma da Colina. Com muita
dificuldade no começo, mas com a certeza de estarem fazendo a coisa certa.
Poucos acreditavam que aqueles malucos poderiam vir a formar uma cena musical
tão forte. Muitos deles, logo deixaram de ser apenas integrantes da Turma e
conquistaram uma LEGIÃO de fãs, muito além da CAPITAL. Suas músicas se
espalharam por todo o país. A PLEBE e a realeza se renderam ao som
candango.
Claro que a cena não se restringiu apenas a tríade Legião
Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude. Estes se tornaram os filhos mais ilustres
do movimento, mas há que se destacar os precursores Aborto Elétrico e Blitz 64.
O fim destas duas bandas originou as três destacadas. Mas ainda surgiram Finis
Africae, Detrito Federal, Arte no Escuro, Escola de Escândalo, Dado & o
Reino Animal, Os Metralhaz, Caos Construtivo, Elite Sofisticada, Filhos de Mengeli....
Anos depois Brasília continuou produzindo rock com Raimundos, Little Quail and the Mad Birds e os Cabeloduro, o reggae do Natiruts, o ska do Maskavo Roots, o caldeirão Cassia Eller...
Parabéns ao rock de Brasília. Indiscutivelmente a melhor
coisa que a cidade já produziu.
Paraouvir no Spotify
https://open.spotify.com/playlist/1vHly3R0ksOAu6WELhviyG?si=92wxgfaWR_iImHD4tQ6Jjg
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