terça-feira, 29 de março de 2011

Ao mestre com carinho

Há exatamente um ano o mestre Armando Nogueira nos deixou. Entre tantos outros feitos, foi Armando que dignificou, digamos, a profissão do jornalista esportivo. Antes dele, trabalhar nesta editoria era equivalente a ser um pária.

Armando escrevia como poucos e fazia de suas crônicas sobre futebol textos saborosos e ricos em expressões e ideias. Chegava mesmo a fazer poesia com as coisas simples do futebol.

Aquilo que Armando tão bem primou, hoje é exercido por qualquer ex-jogador de futebol que não tem sequer a preocupação de falar o português correto. Isso para não falar na leviandade que impera, incluindo aí também os jornalistas formados. Hoje todo mundo quer dar a notícia em primeira mão e por conta disso danem-se os princípios básicos do jornalismo; checar a informação e ouvir os dois lados da história. Se amanhã não acontecer o que foi dito, a culpa é da fonte. Quem é que liga?

Em 1994, precisamente em 02 de maio, eu tive o privilégio de conversar rapidamente com o mestre, num desses encontros totalmente casuais. Ele era um dos entrevistados do Jô Soares, no programa Jô Onze e Meia, ainda no SBT. Eu estava lá pra ver a Legião Urbana que estava divulgando o álbum O Descobrimento do Brasil. Mestre Armando estava lançando, em co-autoria com o próprio Jô e Roberto Muylaert, o livro A Copa Que Ninguém Viu e a Que Não Queremos Lembrar. Então, ali nos bastidores conversamos sobre futebol, claro, sobre a trágica morte de Senna, ocorrida no dia anterior, e eu também lhe disse que meu sonho era ser jornalista esportivo. Ele respondeu que a profissão não era glamorosa, como muitos acham, mas se eu acreditava naquilo, vá em frente e boa sorte.

Bem Armando, a primeira parte eu alcancei, me tornei jornalista. Quanto à segunda posso dizer que estou no caminho, tanto que tenho uma coluna num site dedicado ao futebol. Só não posso dizer que sou jornalista esportivo, ainda, porque não vivo disso.

Quanto ao mestre, que ele esteja bem e, quem sabe, dê as boas vindas a José de Alencar, vice-presidente nos dois mandatos de Lula, que nos deixou há pouco. Não conheço tanto assim de sua vida, mas não dá pra ignorar toda a luta que este homem demonstrou pra viver nos últimos anos.

É o ciclo da vida.

                                                               
http://www.youtube.com/watch?v=CtaOekwyB5Q
http://www.youtube.com/watch?v=120vlrKDXcI&feature=related

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