terça-feira, 21 de junho de 2011

Os deuses do futebol estão com a gente!

Eu, como a maioria – para não dizer a totalidade – dos torcedores, tenho um lado todo supersticioso para os jogos do SANTOS. Pois bem, não é que esta final da Libertadores é uma ótima oportunidade para realçar inúmeras coincidências e curiosidades?

Comecemos pela feliz conspiração do destino que propícia ao SANTOS FC fazer sua 100a partida na competição justamente numa final. Quantas equipes no mundo, em qualquer competição importante, tem este privilégio? Coisas que só o nosso ALVINEGRO pode ter.

Esta é a nossa Libertadores de número 11, ou seja, o mesmo número da camisa de nossa principal estrela: NEYMAR. Quer mais? Assim como naquela ocasião, a da primeira conquista em 1962, nessa final haverá o retorno de nosso CAMISA 10 (que na VILA não é número é instituição), Paulo Henrique GANSO, como retornou PELÉ, no terceiro duelo, em Buenos Aires. O REI simplesmente destruiu o rival, anotando dois gols.

Nossa primeira conquista, foi justamente contra este time uruguaio, em 1962, quando éramos a base da seleção brasileira de futebol, como agora. Na seleção campeã do mundo Gilmar, Mauro, Zito, Coutinho, Pelé, Pepe e Mengálvio, faziam parte do escrete canarinho. Agora temos NEYMAR, GANSO e ELANO. Por que não dizer, ROBINHO?

Para arrematar, jogaremos no Pacaembu onde alcançamos todos os resultados que precisávamos no torneio, mesmo naquele empate que tivemos contra o Once Caldas. E se pra você ainda não está bom, basta lembrar que o jogo que nos colocou nas fases de mata-mata da Libertadores, contra o Deportivo Táchira, aconteceu também na véspera de um feriadão prolongado, como este.

Enfim, agora só preciso colocar a minha camisa branca, a especial usada na Libertadores, que comprei na véspera da partida contra o Colo-Colo na Vila Belmiro (quando mentalizei EU AINDA ACREDITO), me barbear e ir pro estádio com meu amigo Bodão.

BORA LÁ, SER TRI SANTOS!!!


sexta-feira, 17 de junho de 2011

A Fofoca Mora ao Lado

Quem nunca fez um comentariozinho, maldoso ou não, sobre a vida dos outros? Quem nunca deu uma espiadinha na vida alheia? Pois é, a fofoca é algo que o ser humano faz desde os primórdios. Uns até a usam como modo de ganhar a vida. Bem, a gosto, ou mau gosto, pra tudo, não é?

Mas você já deve estar se perguntando por que estou falando em fofoca. Ok, ok, eu explico: o que me leva a falar sobre o assunto é o espetáculo encenado por Paulo Moraes, no Teatro Plínio Marcos, que seguirá em cartaz todos os sábados, até o final do mês de julho.

Quem me conhece sabe que nunca fui fã de teatro. Até então, todas as minhas experiências com a dramaturgia em palco se restringiam a textos co-relacionados ao trabalho da minha banda preferida: a Legião Urbana. Assim, assisti, duas vezes, a Um Certo Faroeste Caboclo, naturalmente baseada na música homônima. Depois um espetáculo incrível batizado de Revolução Urbana. Aí alicerçada em quase toda a obra da banda. E por último, também a assisti por duas vezes, um espetáculo baseado na vida de Renato Russo, em que cheguei às lágrimas, muito próximo do especial televiso Por Toda Minha Vida, da Rede Globo.

Desculpe-me, mas achei necessário fazer este adendo a minha motivação em ir ao teatro. Além do que, estamos entrando (a sensação térmica já é) no inverno (21/06) e este tipo de entretenimento é ótimo, pois é um ambiente fechado e aconchegante.

Voltando ao que interessa, a peça A Fofoca Mora ao Lado, Paulo Moraes desenvolve um texto irreverente e com boas sacadas para Abigail: uma simpática senhora que passa o dia cuidando da vida dos outros, é claro. Naturalmente, não vou citar nomes, mas na minha rua tem algumas senhoras muito parecidas. Sabe àquelas que comentam sobre a filha de fulano e de repente a filha dela mesma aparece grávida?  Aposto que na sua rua também tem uma ou mais destas, não é? No caso de A Fofoca... Abigail pega mais leve, até porque não teve filhos, no máximo, deixa queimar o feijão.

Apesar de ser um monólogo Abigail interage muito bem com o público, chegando mesmo a, digamos, contracenar com ele, propiciando situações interessantes. Bom também perceber que o autor não deixa de fazer algumas críticas contra políticos contemporâneos ou aspectos sociais, sendo àquelas feita ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e à gente diferenciada de Higienóplois, as mais engraçadas. Imagino que neste âmbito não faltem motivos para improvisar em cena. É sempre uma liberação de verbas pra Copa do Mundo aqui, uma reprimenda a bombeiros ali, e por aí vai.

Enfim, em tempos tão tenebrosos rir ainda é a melhor opção. Ir ao teatro, por si só já é, ao menos para a maioria, sair da rotina do cotidiano, o que é sempre bem vindo. Por estas e por outras A Fofoca Mora ao Lado vale uma conferida.

A Fofoca Mora ao Lado, de Paulo Moraes, em cartaz no Teatro Plínio Marcos, aos sábados a partir das 20h30, até 30 de Julho.
Direção: Lineu Carlos Constantino e Evelyn Erika
Com Paulo Moraes.
Rua Clélia 33, Shopping Pompéia Nobre, ao lado do SESC.    

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Uma breve conversa com DEUS

Estava tão absorto em pensamentos e todos eles estavam na direção de DEUS. Tão forte era meu pensamento no SENHOR, que tão logo mergulhei no sono ELE apareceu sentado em minha cama. Eis que atônito, olhei em seus olhos e os DELE me fitavam como jamais imaginei alguém ser capaz de fazê-lo. Foi então que começamos a conversar.

- Bom dia, filho – disse com uma voz imponente e límpida. –  Tanto tens me chamado que decidi ser esta uma boa hora para prosear com você.

- Mas SENHOR, não que eu não queira e nem me ache merecedor, imagino que a quantidade de solicitações a TI sejam inúmeras a cada segundo – respondi um tanto quanto incrédulo.

- Não duvides disso, meu filho. Mas sabe como é, alguns pedidos não tem o menor cabimento. Outros só pedem e não me ofertam nada em troca. Não que eu queira, mas... É preciso compartilhar e reparei que tens andado por demais pensativo.

- Oh! SENHOR do céu. Acho que somente TU és capaz de entender o quanto ando pensativo. Aliás, eu sempre fui pensativo, graças ao SENHOR, eu acho - DEUS caiu na gargalhada.

- Filho, não se esqueça que sou o dono de tudo, mas dei a cada um de vocês o poder do livre arbítrio, lembra-se? Não sou responsável por metade das coisas que me atribuem. No fundo você sabe disso. 

- É, acho que eu sei, sim. Mas por vezes não compreendo o por que de determinadas coisas, especialmente as que acontecem comigo.

- Por exemplo? - me indagou.

- Posso ser sincero? - perguntei surpreendentemente sorrindo.

- Deve – respondeu coçando a barba e com a cara de quem sabia qual seria a pergunta. 

- Por que as muletas? – minha voz saiu meio que embargada.

- Bem, acho que você já ouviu a explicação pra isso, não é meu caro? Lembra-se? – e tocou meu ombro.

- Bem, aquilo foi uma analogia. Seguramente a coisa mais linda que já ouvi na vida, mas foi uma maneira de me fazer um carinho. Sei que ando longe da perfeição e ultimamente devo estar pecando um bom bocado.

- Quanto aos pecados, não tenho dúvidas, filho. Porém, deixemos isso de lado – DEUS sorriu deliciosamente e depois prosseguiu. – Agora sou eu quem lhe pergunto: o carinho – esse negócio de analogia, hipérbole, eufemismo, ou que quer que seja – pra você, saiu do coração dela?


- Quanto a isso não tenho dúvidas, meu SENHOR. Nem os 500 km que nos separavam podiam esconder tal sentimento. Aquilo saiu do fundo d´alma. Mas, SENHOR, não me seria mais justo não tê-las e quem sabe, por assim dizer, ter conquistado, desculpe-me a blasfêmia, mais? – tão logo conclui a pergunta corei imediatamente.

- Não fique constrangido – disse-me calmamente. – Vocês homens são quase todos iguais mesmo. Digamos que você tenha razão quanto às conquistas, mas você preferiria ter muitas outras, ou apenas uma?

- Uma me bastaria – respondi prontamente. – Acho sublime aquela frase do Mario Quintana – afirmei categoricamente.

- Qual frase? – após tal pergunta o encarei com incredulidade.

- Como qual frase, meu SENHOR? – disse, pra minha surpresa e vergonha, meio ríspido. – Aquela “um homem não precisa ter mil mulheres...” – DEUS apressou-se a me interromper.

- Ah, sim. Claro que me lembro – disse todo orgulhoso. – Ele a escreveu depois de um sonho em que conversamos e fui eu quem ditou a ele – vendo a minha a expressão DEUS retomou a palavra. –  Mas então, porque se preocupa com as demais?

- Não sei se o SENHOR já ouviu falar da expressão a fila anda... – DEUS interveio.

- Conheço, mas esta não foi inspiração minha, acredite – assim, olhei pra baixo e o SENHOR me entendeu respondendo. – É bem provável. Mas voltando a você, suas muletas são amuletos, pois você não enfrenta filas, pode passar a frente de todos, pode rodar em dia de rodízio, não paga IPVA e se meus outros filhos respeitarem, terás vagas preferenciais – DEUS estava quase gargalhando.

- Não conhecia este seu lado SENHOR. Que bom que tens senso de humor. 

- Eu tenho, sim. Uns dias mais, outros menos. Igual a vocês. Mas voltando aos seus pensamentos, me diga: mudando um pouquinho de assunto, pra qual time você torce, mesmo?

- O SENHOR sabe, o Santos, oras. Aliás, ele tem um belíssimo nome. Não tem SENHOR? É um time dos céus, não é?

- He, He, He – revelava um leve sorriso. – Meu caro, por que tu achas que surgiram, na mesma época, Gilmar; Lima, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe? – a satisfação estava estampada em seu belo rosto.

- Sério? Eu sabia. Eu sempre soube que o SENHOR era dos nossos – conclui triunfante.

- Mas não espalha, não. Eu não quero contrariar meus outros filhos. Mas para que não digam que não sou justo, deixei o Santos por muitos anos à mercê de homens vaidosos e foi aquele caos. Mas estou sempre atento e dou minhas compensações, não é? Diego e Robinho, agora Neymar e Ganso... – abruptamente o interrompi.


- Ei, ei, me diz aí, ganharemos esta Libertadores? – não pude resistir a esta pergunta. 

- Desculpe-me, mas não posso lhe falar sobre isso. Se eu disser, que graça haverá em você assisti-la depois? – respondeu sem me dar a menor pista.   

- Obrigado SENHOR! Desculpe-me pela pergunta, mas é melhor assim. Como sempre, tens razão. Não posso abrir mão daquela sensação que tenho nos grandes jogos. A ansiedade, o ritmo acelerado do coração, uma sensação inexplicável...

- EU sei. Mas voltando ao ponto em que te perguntei sobre seu time, você o ama de coração, não é?

- Sem dúvida alguma – novamente respondi de pronto.

- Pois bem, quantos anos você esperou por um título realmente grande, de expressão?

- Bem, foram 18 anos, não é SENHOR? 

- Isso mesmo. Lembra o quanto você chorou quando o Léo acertou aquele chute no ângulo? – ELE me perguntou com emoção. 

- Claro que me lembro. O SENHOR também chorou?

- Todos nós lá de cima. Foi uma festa muito bonita que só um time com um nome destes poderia propiciar – DEUS era pura satisfação.

- Pois é, SENHOR. Aquele dia foi incrível. Era um dia lindo de um sol esplendoroso. As defesas do Fábio Costa, as pedaladas do Robinho... Que dia!!! Obrigado meu SENHOR – agradeci de todo o coração.

- Prepare-se, haverá muito mais por vir – concluiu categoricamente. – Mas o que quero te mostrar com isso é que a paciência é uma virtude e você já demonstrou tê-la. Porém – disse-me em tom de advertência, – faça para que as coisas aconteçam. Não espere somente por mim. Se você está fazendo a sua parte, e isso serve para tudo, e não está acontecendo, talvez não seja pra acontecer. Prometa a ti mesmo que não perderá oportunidades, pois estas são únicas. 

Fitou-me nos olhos e concluiu: - Meu filho, eu sei que você não crê muito em coincidências, por tanto, encare algumas delas como oportunidades que se abrem. Sinais que EU estou transmitindo. Entendeu? – me perguntou com uma ternura única e comovente. Eu apenas balancei a cabeça afirmativamente. Então ele arrematou. –  Lembre-se, eu jamais deixarei um jardim com uma flor solitária. Olhe para os lados e verás que existem muitas outras...  

Nesse momento DEUS levantou-se e eu fiz o mesmo. Trocamos um longo e afetuoso abraço. ELE se despediu dizendo “demorarei muito a encontrá-lo novamente, carpe diem, meu rapaz.”    

Amém!!!