sexta-feira, 22 de abril de 2011

Brasília

Brasília foi idealizada por José Bonifácio (patriarca da independência), ainda em 1823, no intuito de descentralizar o poder político do Brasil. Mas foi Juscelino Kubitschek quem iniciou sua construção, em meados do século seguinte, enquanto Oscar Niemeyer e Lucio Costa a desenharam. Assim foi inaugurada a nova Capital Federal no dia 21 de abril de 1960.

Quase alcançando a maioridade, aos 17 anos, Brasília começou a desenvolver um movimento que a colocaria no cenário nacional, mas sob um outro ponto de vista. Além dos prédios e avenidas bem planejados, o poder e a repressão às manifestações de liberdade, uma turma esperta e antenada disseminava uma nova vertente musical: o movimento Punk.
 
Alguns adolescentes estavam cansados da mesmice da cidade e descobriram no novo gênero musical a válvula de escape para tanta rebeldia contida. Este novo ritmo era extremamente visceral e era, basicamente, composto por três acordes. Qualquer um poderia tocá-lo. Mais do que isso, o Punk era sinônimo de atitude. Nada mais adequado para uma turma ávida por novidades.

A princípio, com exceção de alguns que já vislumbravam a grande chance de suas vidas, o objetivo era passar o tempo. Ouvir música, encher a cara e falar da vida. Assim, surgiu uma banda (Aborto Elétrico), depois outra (Blitz 64, que virou Blitx). Várias outras vieram nessa esteira.

Instaurava-se na cidade uma nova cena musical e também comportamental. Muitos ficaram horrorizados com o visual de roupas rasgadas, coturnos, cabelos arrepiados, alfinetes, etc. Chegavam até a questionar Seus colonizados. Se vocês são brasileiros por que ficam pichando e usando camisetas com coisas em inglês. À época, os parâmetros de moda eram John Travolta e Olivia Newton-John, à discoteca.

Mais do que ir contra os modelitos de Travolta, tinham a rebeldia contida pela situação que passava o Brasil. Vivia-se a ditadura militar com repressão e tudo. Antes até de afrontarem o sistema, havia a rebeldia doméstica, uma vez que o Punk surgiu nas classes excluídas e ali todos eram classe média alta. Em casa devia ser um escândalo ver o filho de um diplomata, por exemplo, sair às ruas de roupas rasgadas e tudo o mais.

Curiosamente, nenhuma das pessoas que criaram a turma nasceu em Brasília. Todos foram parar na Capital por conta das atividades profissionais dos pais. O fato de a cidade ter sempre alguém chegando de algum lugar do mundo foi fundamental para um melhor conhecimento de novas bandas.   

Foi assim que surgiu a Turma da Colina. Com muita dificuldade no começo, mas com a certeza de estarem fazendo a coisa certa. Poucos acreditavam que aqueles malucos poderiam vir a formar uma cena musical tão forte. Muitos deles, logo deixaram de ser apenas integrantes da Turma e conquistaram uma LEGIÃO de fãs, muito além da CAPITAL. Suas músicas se espalharam por todo o país. A PLEBE e a realeza se renderam ao som candango.  

Claro que a cena não se restringiu apenas a tríade Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude. Estes se tornaram os filhos mais ilustres do movimento, mas há que se destacar os precursores Aborto Elétrico e Blitz 64. O fim destas duas bandas originou as três destacadas. Mas ainda surgiram Finis Africae, Detrito Federal, Arte no Escuro, Escola de Escândalo, Dado & o Reino Animal, Os Metralhaz, Caos Construtivo, Elite Sofisticada...

No mais é esperar pelo segundo semestre deste ano e acompanhar o lançamento do tão aguardado Rock Brasília - Ninguém segura essa utopia, do diretor Vladimir Carvalho.
          
Parabéns ao rock de Brasília. Indiscutivelmente a melhor coisa que a cidade já produziu.

Haja história...

http://www.youtube.com/watch?v=uiYvL6cXU8U&feature=related

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