terça-feira, 19 de julho de 2011

A Belle Époque do Rock Nacional 4

Há exatos 23 anos a Legião Urbana subia ao palco do extinto Projeto SP, em comemoração ao 3º aniversário da – então, ótima – Revista Bizz, pela última vez com a clássica formação que gravou os três primeiros álbuns da banda. Pouco tempo depois o baixista Renato Rocha saiu sem maiores detalhes, enquanto o grupo já havia definido ser necessário mudar o rumo do barco. Sobretudo por conta do fatídico show de Brasília, 31 dias antes desta apresentação, que não acabou bem e mexeu com o emocional de seus integrantes. Ou seja, depois deste show a Legião Urbana se trancaria num estúdio por longos 12 meses. No entanto, o resultado deste árduo trabalho nos recompensaria com o magnífico As Quatro Estações.

A turnê de Que País é Este, diga-se de passagem, fora encerrada alguns dias antes com as duas apresentações no Festival Alternativa Nativa, com shows memoráveis e de casa abarrotada. Vale lembrar que este festival era apenas com bandas nacionais dividindo o palco do Maracanãzinho. À Legião Urbana, porém, cabia o privilégio de desempenhar suas performances sozinha, com um público e palco somente seu.

Já para o aniversário da Bizz, a ideia original para esta apresentação era fazer um show apenas com covers dos Beatles, Jimi Hendrix, Rolling Stones, Elvis Presley, David Bowie, devidamente executadas depois de abrir com Que País é Este que, até aquele momento, abriu quase todos os shows da banda, desde o primeiro trabalho gravado.

A Legião desfilou clássicos como Purple Haze, Come Togheter, Heroes, Rout 66, Summertime, You´ve Got to Hide Your Love Away e ao fim do set o público queria mesmo era ouvir as canções da banda.

Assim Renato Russo, Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e Renato Rocha tocaram parte do repertório da turnê para um público privilegiado. Afinal, a casa era pequena e não havia aquela loucura típica dos raros shows da banda. A apresentação seguiu com Eu Sei, Quase Sem Querer, Faroeste Caboclo (que ainda era executada nas rádios de um extremo ao outro do país), Ainda é Cedo (sempre especial e intensa), Baader-Meinhof Blues, Angra dos Reis, Mais do Mesmo, Tempo Perdido, Será e “Índios”. Entre uma faixa e outra Renato Russo mostrava seu lado carismático e conversava com o público como se todos fossem seus velhos amigos. 

Traçando um paralelo, é impressionante lembrar que a apresentação seguinte da banda em São Paulo aconteceu dois anos depois, no auge do álbum As Quatro Estações, com dois dias no estádio Palestra Itália, com um público estimado em 100 mil pessoas. Se alguém ainda duvidava do potencial da banda, este quarto disco não deixou qualquer interrogação. 

Com a morte prematura de Renato Russo, em 1996, a Legião Urbana acabou, mas o seu legado ainda está aí. Pra nossa geração e quantas mais vierem.

Nesta mesma noite foi criado o fã-clube Legião Urbana no Coração dos Paulistas.  Um grupo de fãs da banda tão heterogêneo que seu gosto musical variava da MPB ao Punk, underground e outras tendências. Pessoas que convergiram por conta de uma paixão alucinada e desenfreada, mas que dificilmente se conheceriam numa megalópole como São Paulo. Porém, a oportunidade nos foi dada e vem daí algumas de minhas amizades pra vida toda: Alcina, Cilene, Claudinha, Jânio, Eduardo, Walt, Subré, Jobert, Marcelo, Luzia, Marcos, Marcio... Enfim, gente que não vejo com frequência, mas quando nos encontramos é sempre especial.      

URBANA LEGIO OMNIA VINCIT. OUÇA NO VOLUME MÁXIMO!   

Nenhum comentário:

Postar um comentário