O Começo do Fim do Mundo foi um marco na cena Punk Paulistana, ocorrido no início da década de 80, no SESC Pompéia. Este festival reuniu cerca de 20 bandas em dois dias de shows, exposições e outras formas de divulgação da cena Punk mundo afora. O evento teve direito a grande repercussão de mídia, inclusive, internacional, além de reunir inimigos declarados como os Punks de SP e do ABC. A ideia era difundir e fortalecer o movimento e acabar com o estigma de violência gerada por seus seguidores.
Então, nada mais apropriado que Os Inocentes celebrassem seus 30 anos de Punk no mesmo SESC com direito a vários convidados e um público variado. Sim, não eram só punks, não. Eu, por exemplo, nunca fui Punk, mas sempre gostei do som sujo e simples e, como bem definiu Clemente, “fodam-se os rótulos”.
A noite começou com Nada de Novo no Front, pra mostrar que pouca coisa mudou nestes 30 anos. O primeiro convidado a subir ao palco foi Maurício, primeiro vocalista da banda, pra cantar Medo de Morrer e Garotos do Subúrbio, esta última, já com outro convidado, o guitarrista Calegari (365). A partir daí o público entrou em ebulição total.
Antes de outra participação especial Aprendi a Odiar causou arrepios, abrindo espaço para André Parlato, ex-baixista da banda, em Ele Disse Não. Intolerância veio acompanhada de um discurso do vocalista Clemente sobre os novos ataques neo-nazistas em Sampa, essas babaquices inconsequentes de sempre.
Em meio a tantos marmanjos no palco chega a vez do toque feminino de Sandra Coutinho, das Mercenárias, na execução de Somos Milhões e Desequilíbrio.
Ari Baltazar, do 365, veio pra nos brindar com o hino São Paulo, devidamente entoado pelo público numa noite fria, tipicamente paulistana. Na sequência, a sua versão de Grandola, Vila Morena. Encerrando as participações, pra lá de especiais, sobe ao palco um alucinado Wander Wildner, dos Replicantes. Primeiro vem Milagre e pra acabar com nossos esqueletos, Surfista Calhorda.
Com o público em êxtase Os Inocentes arremataram o serviço com Cala a Boca e Pátria Amada. Fim.
Opa, eles voltam e atacam de Pânico em SP, com a devida apresentação da banda com a mesma formação a mais de uma década e meia. Pra fechar com chave de ouro e com todos os convidados no palco tocam, em clima de festa total, I Fought The Law, do Clash. Agora sim, é o fim de uma grande noite.
Bom pra relembrar um período de quando a informação era segmentada, de difícil acesso. Quando a qualidade era o diferencial e não a velocidade. Bons discos requeriam uma garimpada em lojas especializadas, como a Wop Bop, no centro de São Paulo. Muito diferente da efemeridade contemporânea.
Que me perdoem os mais jovens, mas shows como este, só bandas deste quilate são capazes de nos proporcionar. Ah, eu ainda ganhei a palheta do Ari Baltazar. Cool!
Fatality, we win!!!!
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