O tempo passou pra eles também e tanto os Titãs quanto Os Paralamas do Sucesso não são os mesmos de quando ganhei meu primeiro álbum de rock and roll, Cabeça Dinossauro, em 1988, da banda paulistana, que ainda contava com oito integrantes. Nem os mesmo de quando assisti ao meu primeiro show de rock, na saudosa casa Olympia, em São Paulo, quando Hebert, Bi e Barone estavam encerrando a turnê do excelente álbum Bora Bora, em 1989.
Mas, honestamente, isso é pouco relevante pra história e o legado que estas duas bandas têm na música brasileira. Titãs e Paralamas estão além de meros rótulos e, naturalmente, a longevidade trouxe algum desgaste, especialmente aos Titãs que já mudou bastante sua formação, desde seu primeiro álbum.
Gostem ou não, Paralamas e Titãs trouxeram um sopro de rock pra essa primeira noite de Rock in Rio e o fizeram de forma belíssima. Acompanhados da Orquestra Sinfônica Brasileira (que também acompanhará a Legião Urbana no dia 29, próximo), a dupla se baseou no repertório da turnê de 25 anos que fizeram juntas há algum tempo, lançado também em DVD. Até pelo público presente ao local, em razão das outras atrações, as bandas apostaram num repertório de hits, algo que ambas têm aos montes.
Para abrir a noite, a organização colocou imagens no telão das primeiras edições do festival, incluindo as apresentações destas duas bandas, e homenageou Fred Mercury, com direito a Milton Nascimento cantando Love Of My Life, do Queen, acompanhado do guitarrista Toni Belloto, Titãs, e da Orquestra Sinfônica Brasileira. Aliás, sobre a Orquestra Sinfônica, foi uma pena ela praticamente não ser ouvida durante o show das bandas. Espero que isso seja equacionado para a apresentação da Legião Urbana.
A abertura veio com Óculos, um dos maiores destaques já na primeira edição do festival, em 1985, quando o trio paralâmico, com maestria, dominou aquele palco enorme. Depois eles foram revezando um sucesso de cada conjunto, assim mandaram Sonífera Ilha, Ska, Marvim, O Beco, Comida até chegar em Alagados. Lourinha Bombril, contou com a participação especial de Maria Gadu, que não comprometeu.
A balada Epitáfio, a música mais nova de todo o repertório, hit de novela, teve ótima resposta do público. Parece até que foi tocada mesmo pra recuperarem o fôlego. A sequência veio na pancada de Homem Primata, a sempre visceral Selvagem, o esporro de Polícia, Meu Erro, que durante anos fechou os shows dos Paralamas e pra encerrar, Flores, do álbum Õ Blésq Blom, de 1989, um dos últimos grandes discos dos Titãs. Ao final uma constatação, eles ganharam a plateia.
Enfim, mesmo acompanhando apenas pela tevê, confesso que este show me emocionou. Nem tanto pelo show, mas pela história sendo contada por quem tem tanta propriedade pra isso. Estas duas bandas já fizeram mais pela nossa música do que uma série infindáveis de artistas que surgem e somem na mesma velocidade, sem deixar nada. Depois de anos de estrada é empolgante ver o quanto estes caras estão a fim de fazer música. Além da garra demonstrada no palco.
Parte do mercado do rock no Brasil, do próprio sucesso de festivais como o Rock in Rio, o saudoso Hollywood Rock e outros, passa por estes caras e praticamente toda a cena dos anos 80.
Sinceramente, eles mereciam mais do que 50 minutos no palco. Tirando o Elton John, que tem uma baita história, eles não devem nada a ninguém desta noite. Muito pelo contrário, põe a maioria do festival no bolso.
Agora, se eu me emocionei com este show o acompanhado pela tevê, imagina como me sentirei estando presente lá e vendo Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá subirem juntos no mesmo palco?
Ah, naturalmente, eu também não sou o mesmo de 1988 ou 1989. Se fosse, talvez não me emocionasse com a mesma facilidade...
http://www.youtube.com/watch?v=WA65Bq-J_SY
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