Quem nunca fez um comentariozinho, maldoso ou não, sobre a vida dos outros? Quem nunca deu uma espiadinha na vida alheia? Pois é, a fofoca é algo que o ser humano faz desde os primórdios. Uns até a usam como modo de ganhar a vida. Bem, a gosto, ou mau gosto, pra tudo, não é?
Mas você já deve estar se perguntando por que estou falando em fofoca. Ok, ok, eu explico: o que me leva a falar sobre o assunto é o espetáculo encenado por Paulo Moraes, no Teatro Plínio Marcos, que seguirá em cartaz todos os sábados, até o final do mês de julho.
Quem me conhece sabe que nunca fui fã de teatro. Até então, todas as minhas experiências com a dramaturgia em palco se restringiam a textos co-relacionados ao trabalho da minha banda preferida: a Legião Urbana. Assim, assisti, duas vezes, a Um Certo Faroeste Caboclo, naturalmente baseada na música homônima. Depois um espetáculo incrível batizado de Revolução Urbana. Aí alicerçada em quase toda a obra da banda. E por último, também a assisti por duas vezes, um espetáculo baseado na vida de Renato Russo, em que cheguei às lágrimas, muito próximo do especial televiso Por Toda Minha Vida, da Rede Globo.
Desculpe-me, mas achei necessário fazer este adendo a minha motivação em ir ao teatro. Além do que, estamos entrando (a sensação térmica já é) no inverno (21/06) e este tipo de entretenimento é ótimo, pois é um ambiente fechado e aconchegante.
Voltando ao que interessa, a peça A Fofoca Mora ao Lado, Paulo Moraes desenvolve um texto irreverente e com boas sacadas para Abigail: uma simpática senhora que passa o dia cuidando da vida dos outros, é claro. Naturalmente, não vou citar nomes, mas na minha rua tem algumas senhoras muito parecidas. Sabe àquelas que comentam sobre a filha de fulano e de repente a filha dela mesma aparece grávida? Aposto que na sua rua também tem uma ou mais destas, não é? No caso de A Fofoca... Abigail pega mais leve, até porque não teve filhos, no máximo, deixa queimar o feijão.
Apesar de ser um monólogo Abigail interage muito bem com o público, chegando mesmo a, digamos, contracenar com ele, propiciando situações interessantes. Bom também perceber que o autor não deixa de fazer algumas críticas contra políticos contemporâneos ou aspectos sociais, sendo àquelas feita ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e à gente diferenciada de Higienóplois, as mais engraçadas. Imagino que neste âmbito não faltem motivos para improvisar em cena. É sempre uma liberação de verbas pra Copa do Mundo aqui, uma reprimenda a bombeiros ali, e por aí vai.
Enfim, em tempos tão tenebrosos rir ainda é a melhor opção. Ir ao teatro, por si só já é, ao menos para a maioria, sair da rotina do cotidiano, o que é sempre bem vindo. Por estas e por outras A Fofoca Mora ao Lado vale uma conferida.
A Fofoca Mora ao Lado, de Paulo Moraes, em cartaz no Teatro Plínio Marcos, aos sábados a partir das 20h30, até 30 de Julho.
Direção: Lineu Carlos Constantino e Evelyn Erika
Com Paulo Moraes.
Rua Clélia 33, Shopping Pompéia Nobre, ao lado do SESC.
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