Não nasci em São Paulo, não moro na cidade de São Paulo, mas, por exemplo, é nesta cidade que profissionalmente mais atuei, e ainda atuo. Foram mais de 2 anos como locutor da incrível web-rádio LEDFM (bem ali no meio da Mooca meu!), mais de uma década como bancário e ainda estagiei na assessoria de imprensa do Metrô... Por conta de minha condição de saúde meus pais deixaram o Mato Grosso (que ainda era um único estado), para chegar nesta cosmopolita capital paulista, desembarcando no Grajaú. Tempos depois fomos pra outro bairro da região, até que em 1980, com a separação dos meus pais, eu e minha mãe viemos para Osasco. Mudei-me, mas São Paulo continuou me acompanhando, já que ainda fazia alguns tratamentos médicos em Sampa. Nesta cidade também fiz aqueles famosos cursos de informática, ainda no MS-Dos (interface anterior ao já lançado windows), foi passando por uma banca de jornal em Pinheiros, que vi aquela Revista Bizz, de abril de 1989, e que tanto me impactou ao ver a capa e a manchete "Legião - Por Eles Mesmos", isso pouco mais de um ano depois de ter ouvido "Faroeste Caboclo", também em São Paulo, lá no Jd. Ubirajara, e que determinava definitivamente a minha banda do coração.
Foi também em Sampa que vi meu primeiro jogo de futebol num estádio, no caso o Morumbi, num clássico Palmeiras 1x1 Santos (gol santista de Tuíco, aliás, que time horrível aquele do SANTOS, apesar de César Sampaio e Dr. Sócrates). Acompanhei também título de Libertadores e Paulistas no Pacaembu e o já citado Morumbi. Também assisti jogos no antigo Palestra, no Estádio do Ibirapuera, no Canindé, na USP, no Nicolau Alayon, mas confesso, vergonhosamente nunca fui à Rua Javari.
E o que falar das atividades culturais da cidade; os inúmeros Museus que retratam a arte, retratam os povos e suas culturas, retratam histórias, retratam a vida... Os teatros, os cinemas, a gastronomia que vai do restaurante mais sofisticado aos lanches da madruga, passando pelos de pernil da porta de estádio, únicos. A cidade que propícia aquele rolê da feirinha da Benedito Calixto, a Galeria do Rock, os incontáveis sebos em busca do vinil perdido. Curtir o domingo na Paulista, o cinema a céu aberto, a poesia da praça Roosevelt...
A cidade que é minha, a cidade que é de todo mundo e do mundo todo. A cidade que mais tem imigrantes, e a que, a cada feriado, milhares pegam a Rodovia dos Imigrantes, pra esquecê-la por um instante. É a cidade dos nordestinos e dos nortistas. Aqui também tem sulista, tem mineiro e tem gente do Rio de Janeiro.
Essa mesma gente louca que corre pra cima e pra baixo. Que faz a cidade não parar. Que não liga pros meninos nos sinais e mendigos pelos cantos. Então, não existe amor em SP? Claro que existe! Mesmo na Paulicéia Desvairada, aqui na cidade de São Paulo o amor é sempre imprevisível. Ainda que o frio e a garoa na escuridão se façam presentes, ainda não estamos em pânico em SP. O paulistano que adora o passeio do domingo no parque (mesmo que o privatizem, só não nos privem, por favor). A cidade do José, do João e da Juliana. É em São Paulo que se diverte o homem da feira, o peão da construção e a linda morena com uma flor no cabelo e um sorvete não mão. Ninguém desce a Rua Augusta a 120 por hora, mas por lá todos se encontram, se identificam e não se sentem um cara estranho.
Ninguém mais ouve em Sampa, um walkman, pois o futuro chegou e está tudo no celular. Mas é certo que alguma coisa ainda acontece no meu coração quando cruzo a Avenida Ipiranga com a Avenida São João. Logo vamos todos dar as mãos e fazer São Paulo virar são, longe dos preconceitos e da falta de respeito.
São Paulo das Zonas Leste e Oeste, da Zona Norte e da Zona Sul. O mosteiro de São Bento e o direito do Largo São Francisco, passando pela Praça e Catedral da Sé. Seu centro histórico, cruzando o viaduto do Chá, a Praça Dom José Gaspar e a “da boca do lixo”. A rua Aurora, a rua Vitória. Tem a feira da madruga no Brás, mesmo que o Arnesto não vá ou atrase o trem das onze. Há ainda a Praça do Pôr do Sol.
Eu sei que vivo em louca utopia de ver seus grandes rios limpos um dia. É a cidade onde o cinza mata o verde e que até elege prefake.
Ah! São Paulo, quanta dor!!! Mas São Paulo, ainda és o meu amor!!!
Playlist:
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